Camila Faustino; Stephanie Maia; Francisco Glauco de Araújo Santos
O EFEITO DA FRAGMENTAÇÃO FLORESTAL SOBRE UMA ASSEMBLÉIA DE MORCEGOS (CHIROPTERA - MAMMALIA) NO PARQUE AMBIENTAL CHICO MENDES LOCALIZADO MUNICÍPIO DE RIO BRANCO (ACRE/BRASIL)
Resumo:
A fragmentação de habitats está sendo uma das principais causas da perda da biodiversidade em florestas tropicais. Um grupo de interesse aos estudos da fragmentação são os morcegos, uma vez que exercem papéis importantes dentro dos ecossistemas, através da dispersão de sementes, polinização e controle de insetos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito que a fragmentação de habitats exerce sobre uma assembléia de quirópteros existentes em um fragmento florestal localizado no Parque Ambiental Chico Mendes (PACM) na cidade de Rio Branco, Acre. E se este efeito afeta a riqueza e abundância destes animais. O Parque possui uma área de 52 ha, composta na sua maioria por mata secundária e uma área destinada ao lazer da população. As capturas foram realizadas em quatro pontos, dois no centro do fragmento, a 150m da borda (P2 e P4) e outros dois na borda do fragmento (P1 e P3). Em cada ponto de coleta estavam distribuídos dois transectos, cada um com 04 redes-de-neblina (medindo 12m x 2,5m). As capturas foram realizadas entre Dezembro de 2007 e Maio de 2008, totalizando 18 noites de coleta. A cada mês foi sorteado aleatoriamente dois pontos de coleta, um no centro e outro na borda do Parque, realizando quatro transectos por noite. As redes ficavam abertas de 18:00 às 23:00 horas. Foram capturados 76 espécimes de 12 espécies. As espécies mais abundantes foram Carollia perspicillata (n=32), Artibeus lituratus (n=14) e Carollia brevicauda (n=9), que são espécies frugívoras. A riqueza encontrada variou para cada ponto: no P1 foram registradas sete espécies; no P2, nove espécies; no P3, seis espécies; e em P4, cinco espécies. A abundância de espécies comuns aos pontos do centro e da borda também tende a ser diferente, pois a disponibilidade de alimento e abrigo varia conforme a estrutura da vegetação e a composição florística. Os Índices de Diversidade de Shannon-Winner foram semelhantes para a borda, com H’= 0,68 para P1 e H’= 0,63 para P3. Já os pontos localizados no centro apresentaram diferença, onde teve H’= 0,82 para P2, e o menor índice foi H’= 0,54 para P4, pois houve menor abundância e riqueza de espécies desses animais. A fragmentação tem efeito direto sobre a diversidade de morcegos, tanto em termos de abundância como de riqueza de espécies. Os dados obtidos ressaltam a importância da conservação do PACM na manutenção da diversidade de quirópteros do Estado do Acre.
Francislane Paulino Cabral da Silva, Patrícia Maria Drumond, Carolina Gaia
STATUS DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA DE MAMÍFEROS EM ÁREAS SOB PRESSÃO DE COLETA DE PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS E NÃOMADEIREIROS NO ESTADO DO ACRE
Resumo:
O objetivo deste trabalho foi estimar a riqueza e a abundância de mamíferos diurnos em áreas sob pressão de coleta de castanha-do-brasil (Seringal Porongaba/Reserva Extrativista Chico Mendes e Seringal Cachoeira/Projeto de Assentamento Agroextrativista Chico Mendes, Acre) e em áreas sob pressão de retirada de madeira (Fazenda Seringal Iracema I, fronteira entre Acre, Amazonas e Rondônia e Ramal Nabor Júnior, Projeto de Colonização Pedro Peixoto, Acre). Os dados foram coletados empregando-se a metodologia dos transectos lineares. Nos Seringais Porongaba e Cachoeira foram instalados três transectos de 5km cada, enquanto na Fazenda Seringal Iracema I e no Ramal Nabor Júnior foi instalado um transecto de 5km. Em cada uma das áreas foram percorridos 300km de trilhas. Os períodos de realização da coleta de dados foram: entre os meses de maio e junho de 2006 (Ramal Nabor Júnior), entre julho a agosto de 2006 (Fazenda Seringal Iracema I), entre maio e julho de 2007 (Seringal Cachoeira) e entre julho e agosto de 2007 (Seringal Porongaba). De modo geral, a fauna de mamíferos registrada nas quatro áreas é bastante semelhante, com a predominância de espécies generalistas, tolerantes a alterações ambientais. No entanto, ainda é possível avistar algumas espécies raras (Callimico goeldii, Priodontes maximus, Mazama gouazoubira), com dieta restrita (Priodontes maximus), ameaçadas de extinção (Panthera onca, Priodontes maximus, Tapirus terrestris), de interesse dos moradores locais (Alouatta seniculus, Mazama americana, Tayassu pecari, T. tajacu) e/ou algumas pouco estudadas (Choloepus hoffmanni, Pithecia irrorata). A ocorrência destas espécies reforça a necessidade da implantação de planos de manejo de fauna nas áreas estudadas. Um aspecto preocupante foi o reduzido número de indivíduos avistados nas áreas (e, consequentemente, os baixos valores de abundância encontrados). Considerando que os animais de grande porte deslocam-se por extensas áreas, seu avistamento neste estudo foi, certamente, prejudicado pelo fato do inventário ter sido realizado em períodos bastante restritos e em um reduzido número de transectos. No entanto, mesmo os pequenos roedores, descritos na literatura como animais de fácil visualização, pouco visados pelos caçadores e tolerantes às alterações do meio foram registrados em pequeno número. Vários outros fatores podem ter interferido na quantificação dos mamíferos avistados neste estudo tais como seca extrema com inúmeros focos de incêndio no ano anterior à coleta de dados (Ramal Nabor Júnior e Fazenda Seringal Iracema I), elevada pressão de caça (todas as áreas estudadas, com exceção da Fazenda Seringal Iracema I) e crescente fragmentação da área florestada (todas as áreas estudadas).
Garcia, F. I.; Santiago, F. L.; Almeida, A.F. R.; Camara, E.M.V.C.
OBSERVAÇÕES DO COMPORTAMENTO DAS AVES DURANTE SUPRESSÃO VEGETAL EM ÁREAS DE ATIVIDADE MINERÁRIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS, BRASIL
Resumo:
As principais causas de ameaça à extinção das aves brasileiras são a perda e a degradação de habitat. Entretanto, são poucas as informações sobre as alterações na composição da comunidade de aves, durante o processo de supressão vegetal, que gera a perda, redução e fragmentação dos ambientes naturais. Para verificar esse impacto, assim como propor medidas de manejo mais eficazes para a fauna, a Vale vêm realizando o acompanhamento da supressão vegetal e o salvamento da fauna silvestre em toda implantação e expansão dos empreendimentos localizados em Minas Gerais. No presente trabalho, foram realizadas observações da avifauna durante a supressão vegetal, em três áreas de exploração da Vale, em Minas Gerais: Mina de Água Limpa, município de Rio Piracicaba; Mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo e Mina do Capitão do Mato, em Nova Lima. Todas estão localizadas na porção centro-meridional da cadeia do Espinhaço, caracterizada por uma zona de transição entre os biomas do Cerrado e a Mata Atlântica, entremeada por afloramentos rochosos, onde são encontrados os campos rupestres que abrigam tipos de vegetações distintos, com uma grande diversidade endêmica. As aves foram observadas durante todo o processo de supressão: corte do sub-bosque e de vegetação rasteira com uso de foice, derrubada das árvores com moto-serra e limpeza da área com trator. Após a derrubada da vegetação, uma série de animais é desalojada e pode ser observada perambulando por entre as árvores caídas. Um total de 17 espécies de aves foi observado, forrageando sobre a vegetação cortada. A maioria delas é representante de espécies típicas de áreas abertas e ensolaradas, geralmente, oportunistas quanto a seus hábitos alimentares e estratos de forrageamento. Estas espécies exploraram, oportunamente, aqueles recursos que se tornaram abundantes após a queda das árvores; no entanto, esta situação perdurou por pouco tempo e logo tais espécies não foram mais avistadas na região. A perda da biodiversidade ocorreu de forma imediata à supressão da vegetação, sendo, no primeiro momento, observada a substituição da fauna local por poucas espécies oportunistas. O acompanhamento da supressão da vegetação é uma boa oportunidade para se identificar o impacto no ambiente, no momento em que ele ocorre, registrando as reações imediatas da fauna, além de proporcionar períodos em campo superiores às campanhas normalmente realizadas em estudos e monitoramentos, ajudando na compreensão dos efeitos a atividade humana e possíveis estratégias de conservação.