20. Utilização de fauna


Boris Marioni, Eduardo Matheus Von Mühlen, Ronis Da Silveira
A caça e o comércio ilegal de jacarés na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, Amazônia central, Brasil


Gabriel Laufer, Matías Arim
Análisis de explotación de poblaciones silvestres de ñandú (Rhea americana)


Jackson Pantoja Lima, George Henrique Rêbelo, Juarez Carlos Brito Pezzuti,  Daniely Félix Da Silva, Armindo Filho Andrade Almeida
Consumo de quelônios no baixo rio Purus, Amazonas, Brasil.


Pedro Chaves Baia Junior, Anderson José Baia Gomes, Marco Benigno Silva Martins, Sylvia Cristina Garcia De Garcia, Diva Anelie De Araújo Guimarães
Demanda de consumo da carne de animais silvestres pelos freqüentadores da feira livre de Abaetetuba, PA


Pedro Chaves Baia Junior, Diva Anelie De Araujo Guimarães,  Liliane Lourdes Evangelista Costa
Estudo do uso de subsistência da fauna silvestre por populações ribeirinhas em Abaetetuba, PA


Sonia Luzia Oliveira Canto
Utilização e potencial de jacarés na Reserva de Desenvolvimento Sustentavel do Piranha no município de Manacapuru-AM


Gonzalo Barquero
A comercialização de produtos e subprodutos da fauna silvestre brasileira: situação atual e perspectivas futuras


Eduardo Matheus Von Mühlen, Francivane Fernandes Da Silva, Ronis Da Silveira
Consumo de proteina animal em aldeias da terra indigena uaçá, Amapá, Brasil


Armando Medinaceli Villegas
Fauna utilizada en la medicina tradicional por los Moseten-Tsimane, Beni, Bolivia


Brigitte Luis G. Baptiste
Historia ecológica de los consumos de carne silvestre en Colombia


Miguelle Guerra, Miguel A. Xijún, María De J. Manzón, Sophie Calmé
Uso de fauna silvestre en comunidades mayas y mestizas del corredor biológico mesoamericano mexicano


Cyntia Cavalcante Santos, Mathieu Bourgarel,  Rodiney Mauro,  Tatiana M. Ono,  Vinícius Lopes,  Mara Pereira
Valorização da fauna silvestre: o exemplo do porco monteiro no Pantanal do Matogrosso do Sul
 

 

 

 

 


Boris Marioni, Eduardo Matheus Von Mühlen, Ronis Da Silveira
A caça e o comércio ilegal de jacarés na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus, Amazônia central, Brasil

Resumo:
A caça comercial ilegal de jacaré-açu (Melanosuchus niger) e de jacaré-tinga (Caiman crocodilus crocodilus) para obtenção de carne é amplamente praticada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDS-PP), situada na região do baixo Rio Purus, Estado do Amazonas. Esta atividade ocorre em toda a área da RDS-PP, porém é mais intensa na ampla área de várzea que abrange toda a porção norte da Reserva e se estende até a margem direita do Rio Solimões. Nesta região, o comércio da carne seca e salgada de jacarés muito provavelmente representa a principal fonte de renda anual para os moradores locais, visto que é praticada em larga escala ao longo de todo o ano. Os habitantes da RDS-PP não utilizam a carne salgada de jacarés para consumo próprio e praticamente toda a produção, salvo raríssimas exceções, é revendida a compradores externos. Estes, por sua vez, transportam fluvialmente grandes quantidades de carne por cerca de 1.500km até o Estado do Pará onde será comercializada nas feiras públicas de pequenas cidades próximas à Belém, capital do estado. Os dados sobre a caça de jacarés na RDS-PP foram coletados em expedições realizadas entre dezembro de 2004 e fevereiro de 2006. Cerca de 6194 jacarés foram abatidos pelos moradores locais, dos quais provavelmente 2851 eram M. niger e 3343 eram C. c. crocodilus. Os caçadores abatem os jacarés com arpões na estação seca, quando as densidades dos mesmos são maiores, e usam anzóis artesanais para capturá-los na estação cheia, quando os jacarés se encontram mais dispersos na floresta alagada. Os resultados obtidos até o momento indicam que mais de 50 toneladas de carne salgada de jacarés são comercializadas anualmente de forma ilegal na região do baixo Rio Purus, aracterizando assim um dos maiores cenários de comércio de carne ilegal de crocodilianos do mundo. Aparente, esta exploração em larga escala vem sendo praticada de forma insustentável e a interrupção temporária da exploração nos níveis atuais pode ser recomendada, visando à recuperação das populações de jacarés para a futura implementação de um Plano de Manejo para os mesmos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu Purus.




Gabriel Laufer, Matías Arim
Análisis de explotación de poblaciones silvestres de ñandú (Rhea americana)

Resumen:
El ñandú es un ave característica de los ecosistemas de pastizales del sur de Sudamérica. Sus poblaciones silvestres se encuentran amenazadas por el avance de la agricultura y probablemente en algunos sitios por la cosecha ilegal de huevos y matanza de adultos. A su vez, esta especie está siendo explotada comercialmente en Uruguay, Argentina y Brasil en granjas de ciclo cerrado, con el fin de la obtención de productos de interesante valor económico como su carne, cuero y plumas. Los altos costos de producción y la falta de volúmenes de productos con destino a la exportación, son limitantes de este modo de manejo. Estudios existentes demuestran que es factible la cría en semi-cautiverio en campos ganaderos y que su efecto sobre las producciones ganaderas no sería importante. De esta forma, surge la necesidad de determinar la capacidad de cosecha que tienen las poblaciones de esta especie y ese es el objetivo de nuestro estudio. Con este fin se utilizaron modelos matriciales, analizando la dinámica poblacional por clases de edades en función de las tasas de fertilidad y de supervivencia, obtenidas de la bibliografía. La aplicación de estos modelos al estudio de explotación racional de poblaciones silvestres ha demostrado ser una herramienta útil para formular planes de manejo racional. Se analiza la vulnerabilidad de clases de edad tempranas del ciclo, a diferentes niveles de cosecha. Se sugiere las posibilidades de cosecha y los parámetros que requieren un mayor estudio de campo. Se concluye que existe la posibilidad de explotar las poblaciones naturales, pero que se requieren más estudios de ecología de la especie para planificar su manejo.




Jackson Pantoja Lima, George Henrique Rêbelo, Juarez Carlos Brito Pezzuti,  Daniely Félix Da Silva, Armindo Filho Andrade Almeida
Consumo de quelônios no baixo rio Purus, Amazonas, Brasil.

Resumo:
Foram avaliadas as opiniões dos moradores da zona urbana (ZU) e rural (ZR) do município de Tapauá – Amazonas, sobre o consumo de quelônios nesta região, onde são encontradas grandes populações de Podocnemis expansa (tartaruga), P. unifilis (tracajá) e P. sextubeculata (iaçá). Foram utilizadas entrevistas estruturadas, que foram aplicadas à 101 informantes (um por residência, com idade entre 14 e 80 anos), selecionados aleatoriamente (82/ZU e 29/ZR), em dezembro de 2005. Quelônios são consumidos ao longo de todos os meses do ano (41,4%) na ZR e consumidos principalmente durante o verão (julho-dezembro) na ZU (43,1%). Na ZR a espécie preferida é o tracajá (72%) e na ZU a iaçá (41,7) e o tracajá (44,5), embora em ambas a espécie mais consumida seja iaçá. Os entrevistados da ZU relataram ter consumido mais de 30 quelônios/pessoa no último verão (51%), ao passo que os da ZU consomem entre 5-10 quelônios (29%) e menos de 5 (27,7%) O consumo de ovos ocorre principalmente durante os meses do verão e os ovos mais preferidos são os do tracajá, entretanto, os mais consumidos são da iaçá. Os entrevistados relataram desconhecer a procedência dos quelônios que consomem, entretanto, mesmo se souberem que vem de área de Reserva consumiriam os quelônios (>80%). Na ZR (79,4%) e ZU (58%) os entrevistados não concordam com a lei que proibe o comercialização de animais da fauna, entretanto a maioria destes não votariam em um parlamentar que propusesse a lutar pela reformulação da legislação de fauna no Brasil. Na opinião dos entrevistados da ZU os comerciantes de quelônios são considerados contrabandistas (62,5%) e na ZR são considerados contrabandistas (51,7%) e meros comerciantes (44,8%). Como quelônios são recursos bastante utilizados pelas populações do baixo rio Purus necessitam maior atenção por parte dos tomadores de decisão, pois os entrevistados apontaram a criação em cativeiro e o manejo com cotas de abate na natureza como possíveis soluções para os problemas atuais.




Pedro Chaves Baia Junior, Anderson José Baia Gomes, Marco Benigno Silva Martins, Sylvia Cristina Garcia De Garcia, Diva Anelie De Araújo Guimarães
Demanda de consumo da carne de animais silvestres pelos freqüentadores da feira livre de Abaetetuba, PA

Resumo:
A demanda pelo consumo de carne de animais silvestres pelos freqüentadores da feira livre de Abaetetuba, PA-Brasil foi verificada entre os meses de abril e novembro de 2005. Foram entrevistados, aleatoriamente, 130 pessoas que transitavam pela feira. A maioria dos entrevistados (94%, n= 122) afirmou que já se alimentou de algum tipo de animal silvestre. Destes, 68% consumiram estes produtos até três vezes por semana. Os mamíferos foram o mais citado, 18 etno-espécies, sendo os principais a capivara (H. hydrochaeris) e a mucura (família Didelphidae). Foram citadas também seis etno-espécies de répteis, sendo o jacaré (família Alligatoridae) a principal e, duas de aves: nambu (família Tinamidae) e sururina (Crypturellus soui). A compra de animal silvestre para fins alimentares já foi realizada por 94% dos entrevistados, que citaram 18 etno-espécies distribuídas entre mamíferos e répteis, não ocorrendo relatos para aves. Os mamíferos foram os mais citados, com 12 espécies. Os principais animais adquiridos foram a capivara (83%) e o jacaré (65%). Os produtos da fauna silvestre disponíveis na feira livre de Abaetetuba foram destinados, principalmente, a alimentação das famílias (84%), servindo também para presentear parentes e/ou amigos (9%), ou ainda para atender a revenda no próprio município ou em municípios vizinhos (6%) ou para a oferta de pratos regionais em restaurantes locais ou de municípios vizinhos (2%). Indagados sobre a possibilidade de compra de carne de animais silvestres provenientes de criatórios, o percentual entre os que comprariam foi ligeiramente maior em relação aos que não comprariam, 54% e 46%, respectivamente. Nas justificativas apresentadas observou-se que os aspectos relacionados à sanidade dos animais foram as principais justificativas para a compra de animais criados em cativeiro. Enquanto, as características organolépticas (sabor) da carne foram os principais obstáculos. O elevado percentual de moradores locais que afirmaram que já compraram algum tipo de carne silvestre na feira (94%) indica que há uma demanda significativa para atender o comércio de carne de animais silvestres no município, sobretudo pela população urbana.




Pedro Chaves Baia Junior, Diva Anelie De Araujo Guimarães,  Liliane Lourdes Evangelista Costa
Estudo do uso de subsistência da fauna silvestre por populações ribeirinhas em Abaetetuba, PA

Resumo:
Para a análise do consumo de fauna silvestre e da atividade de caça pelos ribeirinhos do município de Abaetetuba, PA, Brasil, aplicou-se, no período de junho de 2005 a janeiro de 2006, um questionário aos moradores de 146 (20%) residências de três ilhas do município (Capim, Xingu e Quianduba) e registrou-se 202 refeições, de 101 moradores (duas refeições por indivíduo). O peixe, presente em 37% das refeições, representou a principal fonte protéica, enquanto a caça esteve presente em apenas 3% destas. Contudo, verificou-se que 66% (n= 95) dos entrevistados comeram ao menos uma vez no último ano algum tipo de caça. Em 52% (n= 75) das residências visitadas existiam caçadores, no entanto, apenas 39% (n= 56) das pessoas entrevistadas disseram que caçam. Os animais apontados como os mais freqüentemente caçados são a mucura (Didelphis marsupialis), a paca (Agouti paca), a cutia (Dasyprocta sp.) e o tatu (família Dasypodidae). Outros mamíferos (veado Mazama americana, cuandu Coendou sp, soiá Echimydae e preguiça Bradypus sp.) e alguns répteis (camaleão Iguana iguana, jacuraru Tupinambis teguixin, jabuti Geochelone sp., muçuã Kinosternon scorpioides e aperema Rhinoclemmys punctularia) tiveram baixa representatividade nas respostas. A recordação da última caçada mostrou que 55 pessoas, dentre os 56 entrevistados que afirmaram que praticam atividade de caça, caçaram durante o último ano, a maioria destes no semestre que antecedeu a visita. Os 55 caçadores extraíram 68 animais. A mucura representou a principal espécie em número de indivíduos caçados, 68% (n= 46) do total, seguido, respectivamente, pela paca, soiá e camaleão. Os caçadores da região não relataram a caça de animais de grande porte como a anta (Tapirus terrestris), a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) o caititu (Tayassu tajacu) e a queixada (T. pecari), que na opinião destes, já se encontram localmente extintos. O veado foi único mamífero de grande porte citado como ainda existente na área, embora apresente densidade muito baixa e, por isso, seja dificilmente caçado. Estes dados apontam para a necessidade de elaboração de estratégias que possam promover o so sustentável da fauna nestas localidades, a fim de garantir a preservação dos animais e a subsistência das populações humanas locais.




Sonia Luzia Oliveira Canto
Utilização e potencial de jacarés na Reserva de Desenvolvimento Sustentavel do Piranha no município de Manacapuru-AM

Resumo:
Com o advento da Lei 5.197 de 1967, Lei de Proteção a Fauna, proibiu-se todo e qualquer comércio de espécimes da fauna silvestre em vida livre. Antes de 1967 as peles de jacarés, assim como as de outros animais silvestres, em especial as de jacaré-açu (Melanosuchus niger) foram muito comercializadas e exportadas, e a carne era desprezada, porém sem o devido aproveitamento, manejo e nenhum processo de monitoramento e controle dos estoques populacionais naturais e Lei serviu para recomposição dos estoques naturais da população de jacarés no Estado. O Objetivo desse trabalho foi realizar estudos sobre o potencial de jacarés na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piranha, com vistas ao manejo sustentável. Foi realizado um mapeamento participativo com as comunidades da RDS Piranha para levantamento preliminar dos locais com potencial para o manejo de jacarés no município de Manacapuru e em seguida por meio de tecnicas padronizadas realizamos levantamentos noturnos para obter o indice de densidade de jacares dentro da Reserva. Foram percorridos ao total 141,5 km dentro da Reserva do Piranha para as contagens noturnas de jacarés, com um indice de densidade de 67 jacares/km de margem (seca+cheia). Os locais escolhidos pelos comunitários e percorridos pela equipe foram: Paraná do Capitari, Paraná do Piranha, Cano do Lago do Encantado, Socó e Japiim, no Paraná do Piranha da Boca do Lago do comprido até o flutuante da RDS na comunidade Betel, ao longo do Paraná do Piranha, Cano do Comprido até o Paraná do Piranha. Foram realizadas 360 aproximações para identificação das espécies e estimar o tamanho dos jacarés. No total foram detectados 9.421 jacarés em 04 dias de censo, os levantamentos duravam em média de 04 a 05 horas. Dos animais detectados 60% eram C. crocodilus e 40% M. niger e dos 44 animais capturados 34% eram M.niger e 66% C. crocodilus. Dentre os animais capturados Foram encontrados 129 ninhos de C. crocodilus e 06 ninhadas de M.niger. Conseguimos avistar 16 femeas de C. crocodilus e 01 de M. niger que estavam proximas aos ninhos. Em geral M. niger costuma habitar lagos e canos, e C. crocodilus os paranas.




Gonzalo Barquero
A comercialização de produtos e subprodutos da fauna silvestre brasileira: situação atual e perspectivas futuras

Resumo:
A utilização comercial da fauna silvestre foi estabelecida na América do Sul logo após a chegada dos Europeus em 1500. No entanto, antes do século XVII já existia a utilização comercial da carne de peixe-boi (Trichechus manatus) através da troca com os Europeus. A exploração comercial da fauna silvestre foi largamente indiscriminada e algumas espécies nativas chegaram aos limites da extinção. Para que fatos como esses fossem exterminados, foram criadas leis em toda América Latina, que limitava ou até extinguia a venda de animais provenientes da fauna silvestre. No entanto, a legislação não foi suficiente para que a exploração fosse banida, apenas limitada, devido a problemas de pobre fiscalização. Para que esses e alguns outros problemas pudessem ser solucionados, outros métodos de conservação foram estritamente necessários. A exploração da vida selvagem para fins comerciais foi legalizada em 1967 pela lei federal de nº 5,197. Essa lei definia a implementação de unidades comerciais, assim como a comercialização de produtos e subprodutos provenientes da fauna silvestre. O objetivo deste estudo foi o de indentificar o processo completo de comercialização de produtos e subprodutos da fauna brasileira. São levantados os seguintes pontos: situação atual da produção da fauna silvestre, maiores entraves comercias para a cadeia produtiva e algumas propostas futuras sobre o mercado de produtos e subprodutos da fauna. As principais espécies nativas da fauna silvestre comercializadas são: Capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris), Queixadas (Tayassu pecari), Catetos (Tayassu tajacu), Jacaré (Caiman crocodilus yacare), Emas (Rhea americana) e Tartaruga da Amazônia (Podecnemis expansa). A implementação da produção e da comercialização de animais da fauna silvestre e seus subprodutos podem gerar uma opção de economia sustentável, assim como providenciar uma estratégia de conservação de áreas como da Amazônia, Cerrado e Pantanal. No entanto, para que essas medidas sejam consideradas viáveis, é necessário que o governo federal demonstre um interesse excepcional em programas de conservação, como por exemplo, utilizar conjuntamente o setor privado para que a produção de animais da fauna slvestre brasileira traga benefícios sustentáveis para a economia global.




Eduardo Matheus Von Mühlen, Francivane Fernandes Da Silva, Ronis Da Silveira
Consumo de proteina animal em aldeias da terra indigena uaçá, Amapá, Brasil.

Resumo:
Entre abril e junho de 2004 foi estudado o consumo de proteína animal em sete aldeias de terra firme e oito aldeias de várzea na Terra Indígena (TI) Uaçá através de calendários diários de consumo. A TI Uaçá possui uma área de 470164 ha, localizada no município de Oiapoque, no Estado do Amapá, e é habitada por aproximadamente 4500 índios das etnias Palikur, Karipuna e Galibi-Marworno. Na TI Uaçá ocorrem grandes porções de campos sazonalmente alagados (várzeas), terra firme e pequenas manchas de cerrado. Durante o período de estudo, que na região corresponde a época de cheia, foram distribuídos 243 calendários em 83 casas das aldeias de terra firme e em 160 casas das aldeias de várzea. Cada calendário era composto por desenhos representando as diferentes fontes de proteína animal disponível para o consumo e os moradores marcavam em cada dia o que haviam consumido. Nas análises,foram utilizados somente 55 calendários das aldeias de terra firme e 113 de várzea que tinham mais de 40% do total de dias disponíveis preenchidos. A carne de fauna e o pescado foram as fontes de proteína animal mais frequentemente utilizadas na alimentação dos moradores tanto de terra firme como de várzea. Itens comercializados, como a carne de frango, conservas enlatadas e carne de gado foram menos consumidos pelos índios, sendo porém, mais utilizados nas aldeias de terra firme do que na várzea. Os mamíferos foram a classe de vertebrados silvestres mais consumida na terra firme, seguido pelos répteis e pelas aves. Na várzea, não foram encontradas diferenças significativas entre o consumo de mamíferos e répteis, que foram mais consumidos do que as aves. Dentre os grupos de vertebrados consumidos, os ungulados foram os mais freqüentes na dieta dos habitantes da TI Uaçá, sendo os mais consumidos na terra firme e, juntamente com os crocodilianos, os mais consumidos também na várzea. Este estudo visa contribuir para um futuro plano de manejo de fauna para a TI Uaçá, visto a importância desta para a alimentação dos seus moradores.




Armando Medinaceli Villegas
Fauna utilizada en la medicina tradicional por los Moseten-Tsimane, Beni, Bolivia

Resumen:
Es conocido que la medicina tradicional de los grupos indígenas en la amazonia, incluye el uso de animales silvestres, como una fuente importante de remedios utilizados en los distintos tratamientos de enfermedades que se presentan en sus regiones. Se realiza este estudio con el objetivo de documentar el conocimiento sobre los animales silvestres utilizados en la medicina tradicional de la etnia Moseten-Tsimane’, esta documentación como un aporte al rescate de una parte de todo el conjunto denominado conocimiento tradicional, el cual se va perdiendo en las generaciones mas jóvenes. El área de estudio comprende 4 comunidades asentadas a orillas del Río Quiquibey, dentro los límites de la Reserva de la Biosfera y Tierra Comunitaria de Origen (RBTCO) Pilón Lajas, en Beni, Bolivia. En el trabajo se logra identificar el uso de 41 etnoespecies pertenecientes a 6 categorías taxonómicas (mamíferos, reptiles, aves, peces, insectos y anfibios) en porcentajes que oscilan desde 44% en el caso de mamíferos hasta 2% en el de anfibios. Del total de etnoespecies identificadas, los indígenas de las cuatro comunidades, logran obtener 64 recursos zooterapeuticos, que se entiende como la parte del animal utilizada como materia prima del remedio, y es a partir de estos con los que atienden hasta 47 enfermedades que se presentan ocasionalmente en las comunidades. En el análisis se incluyen las enfermedades o males enmarcados en el contexto mágico de la visión indígena. También se realiza una comparación del conocimiento por género y edad.




Brigitte Luis G. Baptiste
Historia ecológica de los consumos de carne silvestre en Colombia

Resumen:
La transformación de hábitos alimenticios de una cultura se debate entre el aprovechamiento de la oferta ambiental natural y la que resulta de la introducción de nuevos patrones culturales. Este proceso ha sido interpretado como resultado o parte integral de visiones colonialistas y conflictos de resistencia, pero también responde a condiciones espontáneas de hibridación derivadas de nuevas estructuras comunicativas entre sistemas anteriormente independientes. La presente ponencia propone una interpretación de la transición de consumos de carne silvestre en Colombia hacia otras especies domésticas, en particular ganado bovino, bajo un marco analítico de las ciencias de la complejidad. El material de discusión proviene de trabajo etnográfico y documental hecho en diversas regiones de Colombia durante los últimos dos años y enfatiza el periodo comprendido entre 1900 y el presente, aunque para efectos analíticos se remonta al período colonial. El modelo interpretativo concluye que el consumo de carne de monte, como se llama en Colombia a la proteína de origen silvestre, ha sufrido una transformación simbólica fundamental en un muy corto plazo como resultado de los procesos de modernización económica del país, que se reflejan en cambios ecosistémicos, tecnológicos y económicos. La relación fauna-sociedad que se da en la actualidad no corresponde ni a una interpretación ambientalista de crisis ambiental, ni a una versión optimista de aprovechamiento comercial bajo parámetros exclusivos de mercado. La discusión incluye aspectos de evolución institucional, tanto formales como no formales del uso de la fauna en el país.




Miguelle Guerra, Miguel A. Xijún, María De J. Manzón, Sophie Calmé
Uso de fauna silvestre en comunidades mayas y mestizas del corredor biológico mesoamericano mexicano

Resumen:
Los corredores biológicos regionales han sido propuestos como una estrategia para evitar extinciones locales de poblaciones animales. Sin embargo, para poder implementar esta estrategia, es necesario entender las relaciones de los pobladores locales con la fauna. Este trabajo se realizó en cinco comunidades forestales (tres mayas y dos mestizas) que se hallan dentro o cerca del Corredor Biológico Mesoamericano Mexicano Calakmul-Sian Ka’an. Los objetivos fueron determinar las especies de mayor uso y comparar los patrones de uso en función de factores sociales y culturales. Realizamos 240 entrevistas semiestructuradas y obtuvimos 965 registros de cacería. Las especies más cazadas fueron, en orden decreciente: Odocoileus virginianus, Pecari tajacu, Nasua narica, Agouti paca y Meleagris ocellata. La carne silvestre sigue siendo unas de las principales fuentes de proteínas animales, debido a los bajos ingresos familiares. El tamaño familiar, el origen étnico y el tiempo de residencia en la comunidad (conocimiento del ecosistema) no influyeron en las decisiones relativas a la actividad, excepto en relación con las especies y la comercialización. En efecto, las comunidades mayas explotan una mayor diversidad de especies que las comunidades mestizas (29 vs. 18). El mayor destino de las presas fue para autoconsumo, aunque también se comercializaron partes o animales enteros, generalmente para obtener productos básicos. Las comunidades mayas comercializaron más la carne silvestre que las mestizas, lo que fue probablemente relacionado con la cercanía de un importante mercado de consumidores. Aunque la cacería esté ligada tanto a creencias, costumbres y tradiciones que favorecen la conservación de la fauna, se está perdiendo poco a poco a favor de la obtención de comodidades. Concluimos que para que el corredor biológico funcione adecuadamente, se debe tomar en cuenta el aprovechamiento de fauna por los pobladores locales y que se deben establecer pautas de regulación para manejar el recurso a nivel comunitario.




Cyntia Cavalcante Santos, Mathieu Bourgarel,  Rodiney Mauro,  Tatiana M. Ono,  Vinícius Lopes,  Mara Pereira
Valorização da fauna silvestre: o exemplo do porco monteiro no Pantanal do Matogrosso do Sul

Resumo:
O Pantanal, a maior região úmida do mundo de importância mundial por sua fauna e flora, corre perigo por causa da modificação do sistema de produção do gado e da transformação das suas paisagens. O desmatamento e o uso de pastagens artificiais são cada vez mais utilizados para aumentar o número de gado por hectare e resolver assim o problema do tamanho insuficiente da maioria das fazendas do pantanal do MS. O projeto de valorização da biodiversidade no Pantanal do Rio Negro, através do Instituto Parque Regional do Pantanal, experimentou dentre outros, a criação extensiva de animais silvestres como uma alternativa econômica a esta intensificação do manejo do gado. O Porco monteiro (PM), sendo uma espécie introduzida é uma das espécies mais abundantes do Pantanal, sendo escolhido por seu potencial intrínseco de produtividade. A primeira etapa foi identificar o modo de produção e o potencial da população. Baseado num dispositivo de captura passiva com armadilhas do tipo curral foram estudadas as populações de porco-monteiro de cinco fazendas. Aspectos da dinâmica das populações de PM foram estudados usando quatro tipos de monitoramentos: captura- marcação –recaptura, contagens aéreas e contagens no chão usando a método do transecto linear e investigação de três doenças (Brucelose, peste suína clássica e a de Aujesky). Com a solução dos problemas zootécnicos resolvidos, o esforço do projeto foi colocado para identificar e formalizar uma cadeira de produção no Mato Grosso do Sul. Criou-se então a Associação de Produtores de Porco Monteiro do Pantanal e um trabalho institucional importante junto ao Ministério da Agricultura e do IBAMA para obter as autorizações de produção, de transporte e encontrar a melhor solução para o abate dos animais seguindo a legislação brasileira. A solução veio graças a uma parceria com a EMBRAPA-Gado de Corte de Campo Grande e a construção do frigorífico-escola misto podendo atender animais silvestres. Em conclusão, hoje os fazendeiros têm uma outra solução para aumentar o rendimento de suas fazendas que necessitam pouco investimento e que tem um futuro certo como demonstrou a pesquisa de mercado realizada no Brasil e a degustação organizada no Mato Grosso do Sul.