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7. Educação ambiental


Silvio Marchini, Alexandre Faria
"Escola da Amazônia": educação e comunicação para a Conservação


Maria Das Dores Correia Palha, Manoel Malheiros Tourinho, Ana Sílvia Sardinha Ribeiro,  Paula Cristina Reale Bastos, Alanna Do Socorro Lima Da Silva, Jamile Da Costa Araújo
Educação ambiental e estudos etnozoológicos em escolas da amazônia – uma abordagem integrada


Marcelo Cardoso De Sousa
Macaco guigó: espécie bandeira para a conservação da mata atlântica de Sergipe






Silvio Marchini, Alexandre Faria
"Escola da Amazônia": educação e comunicação para a Conservação

Resumo:
Apesar da importância central dos produtores rurais e suas famílias na transformação da fronteira agrícola da Amazônia, relativamente pouca atenção tem sido dada à maneira como os conhecimentos, crenças, atitudes e normas sociais desses atores influenciam suas relações com a fauna silvestre. A Escola da Amazônia é o programa de educação e comunicação da FEC cujo objetivo inclui a conservação no Parque Estadual Cristalino e seu entorno por meio de intervenções de educação e comunicação que levem em consideração os fatores acima. O P.E. Cristalino é considerado uma das unidades de conservação de maior relevância para a Amazônia por sua localização estratégica no Arco do Desmatamento e por possuir uma biodiversidade excepcionalmente alta. Para atingir seu objetivo, a Escola da Amazônia combina as seguintes ações: (a) pesquisa sobre conhecimentos, crenças, atitudes e normas sociais em relação à fauna, (b) aplicação dos resultados da pesquisa em intervenções de educação e comunicação, e (c) monitoramento dos resultados das intervenções. A pesquisa serve para identificar lacunas no conhecimento, atitudes e eventualmente mitos que determinam comportamentos ecologicamente insustentáveis. As intervenções de educação e comunicação são elaboradas a partir dos resultados da pesquisa de modo a promover comportamentos mais compatíveis com a conservação. Apresentamos aqui três programas que têm como ponto de partida grupos taxonômicos de significado sócio-cultural excepcionalmente forte entre os jovens do entorno do parque: primatas, cobras e grandes felinos. Os primatas desfrutam dos mais altos índices de aprovação. Com base nisso, foi desenvolvida uma série de oficinas que exploraram o carisma do Macaco-Aranha-da-Cara-Branca – espécie endêmica da região – para sensibilizar os jovens sobre a importância da conservação e do P.E. Cristalino. As cobras, ao contrário, formam o grupo de maior rejeição entre os jovens. Palestras e exposições sobre cobras são empregadas para reverter as atitudes negativas em relação a esse grupo. Os grandes felinos – onça-pintada e onça-parda – por fim, despertam sentimentos mistos de admiração e rejeição: são considerados os animais mais bonitos mas são perseguidos pelo medo e prejuízo econômico que causam. Uma campanha de educação e comunicação explorará essas percepções para promover a tolerância às onças na região.




Maria Das Dores Correia Palha, Manoel Malheiros Tourinho, Ana Sílvia Sardinha Ribeiro,  Paula Cristina Reale Bastos, Alanna Do Socorro Lima Da Silva, Jamile Da Costa Araújo
Educação ambiental e estudos etnozoológicos em escolas da amazônia – uma abordagem integrada

Resumo:
Diante de programas de educação ambiental geralmente pontuais, condicionados pelos editais de financiamento, desarticulados do contexto regional e de um esforço de longo prazo, a equipe do Projeto Bio-Fauna, da Universidade Federal Rural da Amazônia, concebeu uma proposta para o desenvolvimento de metodologia que integre educação ambiental e cidadã a estudos do uso da fauna silvestre, em escolas de ensino fundamental. Assume-se que o comércio e o uso da fauna são corriqueiros na região e, comumente ilegais. Entre o legal e o “real”, práticas antrópicas relacionadas à fauna silvestre são difíceis de quantificação e interpretação, gerando informações qualitativas ou números nem sempre confiáveis. Delinear e validar metodologias inovadoras que aliem educação ambiental e cidadã, com abordagens alternativas às tradicionais formas de obtenção de dados etnozoológicos, é um desafio que mobilizou o Projeto Bio-Fauna. Numa etapa piloto, envolvendo uma Escola Estadual na periferia de Belém, Pará, estão sendo realizadas atividades com alunos de 1ª a 4ª séries, compreendendo: coleta de lixo; painéis interativos; jogos; artes plásticas; poesia, teatro e canto; trilhas e visitas monitoradas; cujos indicadores mensuráveis permitirão uma avaliação seqüencial das atitudes ambiental e cidadã e dos aspectos culturais do uso e significado da fauna. As atividades foram precedidas por um levantamento socioeconômico junto aos pais, realizado em 2005 e 2006. De acordo com as entrevistas (n=144), 53% não completaram o ensino fundamental; em média, as famílias têm sete pessoas, metade delas crianças, residindo em casa com três cômodos; 92% apresentam renda entre um e dois salários mínimos, a maioria até um salário; 63% são católicos; quase 20% comem caça regularmente, sendo que 8% raramente, 6% semanalmente, 5% mensalmente. Os indicadores obtidos, reflexos do universo infanto-juvenil nos contextos individual, familiar e social, serão correlacionados com parâmetros socioeconômicos para medir o grau de associação entre as variáveis do estudo, tais como: renda, escolaridade, procedência, etc. Posteriormente, serão incluídas outras escolas, contrastando-se realidades urbanas e rurais. A pesquisa permitirá a validação e aperfeiçoamento de uma proposta inovadora, mediante abordagem metodológica de fácil utilização em escolas de ensino fundamental e médio da Amazônia, com base em indicadores qualitativos e quantitativos de sucesso.




Marcelo Cardoso De Sousa
Macaco guigó: espécie bandeira para a conservação da mata atlântica de Sergipe

Resumo:
O macaco guigó-de-sergipe ou guigó-de-coimbra, Callicebus coimbrai, ocorre exclusivamente em alguns poucos fragmentos florestais do Estado de Sergipe e do norte da Bahia. Ameaçado de extinção, é considerado uma espécie-lacuna, por não apresentar em sua área de distribuição nenhuma Unidade de Conservação que garanta a sua efetiva proteção, e uma espécie-bandeira, por ser carismática diante da comunidade. O objetivo desse trabalho é demonstrar como uma espécie-bandeira pode contribuir para a mudança de percepção e formação de uma consciência para a proteção da Mata Atlântica, ajudando a reverter o quadro de ameaça na qual a espécie se encontra. A partir do carisma que um primata apresenta em relação à maior parte dos animais e a necessidade urgente de interferir na percepção e valores ambientais das comunidades e instituições do Estado de Sergipe, vários setores da sociedade foram convocados e mobilizados para o envolvimento na proteção da espécie e de suas áreas de ocorrência e a assumir também a responsabilidade de proteger uma espécie em extinção. Através de palestras mensais ministradas aos moradores de áreas próximas às matas, lideranças comunitárias, políticas, professores, e mais de sete mil estudantes do Estado, foi implantado um amplo plano de divulgação e informação sobre a necessidade de proteção à Mata Atlântica. Verificou-se o envolvimento da comunidade através de iniciativas voluntárias, demonstrando a incorporação da proteção ao guigó-de-sergipe em seu repertório cultural. O comprometimento das instituições e de proprietários rurais foi revelado pelo aumento de áreas protegidas, pelo início dos processos de criação de reservas particulares e pelo planejamento para a criação de outras Unidades de Conservação no Estado. Esses resultados reiteram a importância de aproveitar o apelo do guigó-de-sergipe como espéciebandeira para intensificar e multiplicar as atividades de pesquisa, fiscalização, mobilização e educação ambiental. Tais ações poderão assegurar a manutenção e restauração dos fragmentos florestais e certamente irão contribuir também para a conservação de outras populações de espécies ameaçadas de extinção.